Você acredita que pode estar pagando para vender?

Já imaginou pagar para alguém levar o seu produto? Não estou me referindo a fazer uma doação, estou falando de pagar mesmo, como entregar uma dúzia de laranjas para alguém e ainda lhe dar uma nota de R$5,00!!

 

É claro que isso parece absurdo, mas pode muito bem acontecer na prática sem que o empresário perceba. A razão é muito simples: falta de conhecimento de formação de custo de produtos ou serviços.

 

Já vi dezenas de empresários, até bem sucedidos, estimarem o custo dos seus produtos vendidos de forma completamente equivocada, só pelo valor da matéria-prima ou da aquisição (quando revenda) e ignorar vários outros componentes que devem ser somados para, aí sim, chegarmos ao custo real.

 

A conta para formação do preço de venda é bem mais detalhada do que só aplicar um percentual sobre o custo de aquisição ou vender ao preço que o mercado pratica. É preciso colocar na ponta do lápis tudo o que compõe o custo do produto.

 

Alguns exemplos de custos e despesas adicionais mais fáceis de enxergar são: impostos sobre a venda (PIS, COFINS, ISS, ICMS), comissões de venda, despesas com máquina de cartão, fretes e embalagens.

 

Depois ainda temos outros custos que são um pouco mais difíceis de quantificar, mas que são extremamente importantes como: mão-de-obra do pessoal de vendas, aluguel de galpão para estoque, energia elétrica, entre outros.

 

Imagine um exemplo bem simples, em que uma empresa vende dois tipos de produtos (A e B), os dois têm o mesmo preço de compra e o mesmo preço de venda, respectivamente R$50 e R$85.

 

Os dois produtos também possuem o mesmo peso, mas o produto A tem um volume três vezes maior que o B. A empresa vendeu 150 unidades do produto A, 250 unidades do produto B e teve uma despesa de frete de R$8.000 em um determinado mês.

 

Como os produtos têm o mesmo peso, para chegar ao custo total, o proprietário da empresa decidiu ratear o frete igualmente, somando-o ao custo de aquisição, ou seja, R$50 + (R$8.000 ÷ 400) = R$70.

 

No final do mês, ele terminou com um lucro de R$6.000 que é igual a 400 x (R$85 – R$70).

 

O lucro de R$6.000 camufla a realidade da empresa, pois o produto A está na verdade, dando prejuízo ao negócio, enquanto que o produto B tem que fazer todo o trabalho para “carregar” o A nas costas e ainda gerar um lucro para a empresa.

 

Isso acontece porque o produto A custa mais que o B, pois ocupa um espaço três vezes maior que o B no caminhão, portanto o rateio do frete não pode ser feito por igual, mas sim de forma proporcional.

 

Veja como a realidade ficaria:

 

Custo do produto A = R$50 + (R$8.000 ÷ 4 x 3 ÷ 150) = R$90

Custo do produto B = R$50 + (R$8.000 ÷ 4 x 1 ÷ 250) = R$58

 

Então o resultado de cada produto seria:

 

Prejuízo do produto A = 150 x (R$85 – R$90) = – R$750

Lucro do produto B = 250 x (R$85 – R$58) = R$6.750

 

O produto A gerou R$750 de prejuízo para empresa, enquanto que o B gerou R$6.750 de lucro. Portanto, podemos dizer sim, que a empresa está “pagando” R$5 reais por cada unidade vendida do produto A, ou seja, quanto mais ela vender o A, mais ela perderá dinheiro!!

Passo 03

Neste caso, o empresário deveria aumentar o preço de venda do produto A, renegociar seu preço de compra, ou simplesmente parar de comercializá-lo, que já estaria melhorando o resultado de sua empresa.

 

Sem ter um bom conhecimento dos custos dos produtos e serviços, não temos condições de identificar quais são os produtos “A” de nossa empresa e corremos o risco de crescer justamente com um produto que reduz nossa rentabilidade sem entendermos o porquê.

 

Contabilivre, simples e online.